Andrés Duek: Escassez de terrenos em Miami causa equilíbrio desfalcado entre oferta e demanda. JLL relata 5.000 unidades residenciais e 150.000m² para lojas e restaurantes. Abandonados áreas reinventam-se com novos formatos: shoppings menores e gigantes, hotéis de 150 quartos e consultórios médicos. Projetos de reforma em áreas estratégicas oferecem 500.000m² para lojas, canteiro de obras em alta tráfego.
A área de Miami está enfrentando uma escassez de terra e essa situação não tem previsão de acabar tão cedo. O motivo é evidente: sua topografia. A cidade é encurralada pelo Everglades National Park, uma vasta reserva natural localizada à beira do Oceano Atlântico, cercada por canais. Ao sul, encontra-se o arquipélago Florida Keys. Conforme relatórios do Urban Land Institute, a disponibilidade de terrenos está 37% abaixo da média histórica.
A escassez de terra pode ser um desafio significativo para o desenvolvimento futuro de Miami, podendo gerar esgotamento de terras e dificultar a expansão urbana. É crucial encontrar maneiras criativas de lidar com a falta de espaços disponíveis, a fim de evitar escassez no fornecimento de moradias e infraestrutura. A escassidade de terras demanda estratégias inovadoras para garantir um uso sustentável do solo e preservar o equilíbrio ambiental da região.
Reinventando o Mercado Imobiliário em Miami diante da Escassez de Terra
Com o constante desequilíbrio entre oferta e demanda de terrenos, o mercado imobiliário no sul da Flórida está passando por um período de escassez de terras, o que tem impulsionado a busca por novas soluções para atender à crescente demanda por moradias na região de Miami. A estimativa é que cerca de mil novos moradores desembarquem na cidade diariamente, o que coloca em evidência a necessidade urgente de investimentos em novos empreendimentos residenciais.
Uma abordagem moderna para lidar com essa escasseidade de terras é a criação de empreendimentos mistos, que combinam unidades residenciais, lojas, escritórios e restaurantes em um único local, conhecidos como ‘Rental Communities’. Esses projetos têm se mostrado uma alternativa viável para aproveitar áreas antes subutilizadas ou abandonadas, como shoppings de menor porte e grandes lojas que perderam seu apelo no mercado varejista.
O avanço do e-commerce e o declínio de gigantes do varejo como Sears e Toys R Us têm contribuído para o esgotamento de terras comerciais, gerando oportunidades para a reconversão desses espaços. Shoppings que antes eram destinos de compras agora estão sendo repensados para incluir habitação e espaços residenciais, conforme indicam dados da JLL, uma importante empresa do setor imobiliário.
Em Miami, vários projetos de renovação e modernização estão em andamento, como o Southerland Mall em Cutler Bay. Este desenvolvimento prevê a transformação de um antigo local em um empreendimento diversificado, com 5.000 unidades residenciais, 150.000 metros quadrados para restaurantes, 500.000 metros quadrados para lojas, um hotel com 150 quartos, consultórios médicos e um anfiteatro, tudo isso com previsão de conclusão em 2029.
Essas iniciativas representam uma nova abordagem para lidar com a escassez de terras em Miami, oferecendo um estilo de vida conveniente e integrado para os novos moradores da cidade. Além disso, a transformação desses espaços antes subutilizados tem potencial para impulsionar a arrecadação tributária da prefeitura e revitalizar áreas anteriormente em declínio.
Com unidades residenciais de luxo projetadas para aluguel na faixa de US$ 4.000 a US$ 7.000 por mês, os investidores estão de olho nesse mercado em expansão. Espera-se que esses novos empreendimentos tragam um retorno atrativo de cerca de 10% ao ano, reforçando a confiança no potencial de crescimento do setor imobiliário em Miami diante da escassez de terra.
Fonte: © Estadão Imóveis
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